terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"Voltara ao sauna e encontrava-se de novo em frente ao espelho. Olhava para si própria e revia mentalmente a cena de amor em casa do engenheiro. Lembrava-se da cena, mas não do amante. Para dizer a verdade, não seria sequer capaz de descrevê-lo, talvez nem tivesse reparado em como é que ele era todo nu. A única coisa de que se lembrava (e para a qual olhava agora com excitação em frente ao espelho) era do seu próprio corpo; dos pêlos do púbis e do sinal redondo logo acima deles. Esse sinal, que até agora nunca fora para ela senão um simples defeito cutâneo, tinha-lhe ficado para sempre gravado na memoria. Queria vê-lo e tornar a vê-lo na incrível proximidade do membro estranho."

#22 A insustentável leveza do ser
Milan Kundera

1 Comment:

Mme. A.

em minha modesta opinião, este livro é uma das coisas mais bonitas que já foram escritas no mundo. ever.

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