domingo, 4 de dezembro de 2011

"Estendido na cama, de peito nu, os dedos ocupados a torcer uma madeixa de cabelo puxada para a testa, lembrava, pela sua indolência, um monarca saciado, saturado de riquezas e gozos. Ao mesmo tempo que se entregava a esta languidão da moleza, parecia fruir um prazer voluptuoso, observando a sua amante de uma noite que estava a vestir-se, de pé no meio do quarto. Pelo sorriso condescendente que por instantes lhe surgia nos lábios, dir-se-ia que uma procissão de dançarinas, de ancas ondulantes e lascivas, lhe desfilava diante os olhos para seu entretenimento, e não uma pobre criatura (apanhada na rua, na véspera) cujos modestos encantos já não tinham para ele quaisquer segredos."

II A Violência e o Escárnio
Albert Cossery

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