sábado, 5 de novembro de 2016

Irrita-me muita coisa, mesmo muita.
Irritam-me aqueles que estão na fila do supermercado e fazem perguntas demasiado idiotas.
Irritam-me uns outros que falam demasiada merda, quando a única coisa que lhes enche a alma é o dia de compras ou a saída ao Lux.
Irrita-me tanta coisa, porra.
Irritam-me aqueles que chegam ao pé de ti e começam a cantar, e ainda dizem 'tás a ver? Curte só.
Irritam-me uns outros, estes principalmente, que pensam que a vida é exactamente aquilo que vivem, sem procurar a existência dela. Vive-se apagado, distraídos com a tecnologia, com raios violeta-ó-chique, bebe-se merda e come-se gourmet. Pegam-se modas já destiladas, Ai que merda, merda, merda, merda e mais merda.
Vivo deslocada e pá, isto dói para caralho.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015


Era uma vez uma cozinha, que abrigava um conjunto de meninas ainda perdidas, que ainda duvidavam do seu futuro próximo, que viviam de sonhos sistemáticos.
Essa cozinha é palco de conversas bizarras, mundanas e sinceras, de debates ecológicos ou desejos sexuais, nela habitam produtos orgânicos, colecções de moedas abandonadas, garrafas vazias a qualquer canto, sonhos e sonhos, é tudo de volta do mesmo.
Queria falar de uma outra cozinha mas não consigo, quando saio estafada do meu trabalho, uma outra cozinha, é nesta que procuro o abraço, o quente, a palavra amiga, é aqui que me apoio no frigorífico e lamento a minha dieta nada rigorosa, cujo cereal vem sempre em estado liquido.
Cozinhas, serão sempre os meus poisos de eleição, serão sempre os melhores lugares para guardar segredos, mesmo se os comeres.

Westgate Street, E8 
London



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Cerca de 5 meses depois resolvi voltar a este quarto. 

O meu, durante tanto tempo.

Nova morada: Londres

segunda-feira, 16 de março de 2015

Hospitais e a flora intestinal,

Curam-se coisas e pioram-se outras, entre os mais modestos enfermeiros e das médicas pouco sorridentes, sobrevive no ar uma leve esperança de melhorar.
As conversas e risadas das pessoas de bata contrastam brutalmente com o silêncio ou interjeições dolorosas dos doentes, uns já deitados em posição mortal, outros de olhos pesados à espera da chamada. É tudo cruel num mundo assim, nasce-se para lutar e adoece-se para morrer. 

O ai que me rodeia faz-me lacrimejar perante a vida, a retórica do que fizemos nós para merecer isto.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A minha colega fica parva comigo, não entende como lido com a vida com tanta leveza.
O problema com a polícia judiciária, o ter perdido a carteira com os respectivos documentos e estar sem telemóvel.
Há dias complicados mas a dádiva de existir é tão mais brilhante, perdi imenso tempo a complicar, a desrespeitar o acordar, a chorar em frente ao espelho, a ser sem querer.
A caminho dos vinte e oito anos e a fazer conchinha com o meu gato.
Não podia estar mais contente.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

You don't care about us A música que me lembra o meu primeiro relacionamento, ele cantava-me isto. Se calhar nada mudou e poderiam todos cantar-me a mesma.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Não percebo porque nos julgam tão descaradamente, todos os actos são puro desejos, a instantânea necessidade de agir, será que é errado viver assim? Eu coloco a sensação antes de qualquer pensamento e talvez por isso a minha espontaneidade seja terrificadora para a maior parte que me rodeia. Eu gosto de viver com esta extrema sensibilidade que já pouco vejo por aí, ao menos sinto tudo no limite, pouco me importa sofrer, desde que sinta. Cansam-me aqueles que se privam da vida pelo cuidado e pelo medo, que se recolhem em seus pensamentos e evitam a expansão da liberdade da sua própria existência. Será assim tão incorrecto dizer que gosto de ti? Será feio abraçar-te com força porque te estimo? Será mal visto eu não te dar conversa porque não me interessas? Será que vais passar o resto da vida a julgar o certo e errado das pessoas que te cercam? 

Pelos vistos, preferem o jogo.

domingo, 4 de janeiro de 2015

De todas as certezas, falsifiquei algumas.
De todas as dúvidas, dupliquei umas quantas.
De todos os momentos, cansei-me de vários.
De mim, fui-me desviando.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Atrair malucos, já não é de agora.
Já são dois na minha rua, Oh Ana, Oh Ana, gritam eles.
Parece sempre uma cena tirada daqueles filmes franceses fofinhos, em que vou a correr para casa e à porta cai sempre qualquer coisa ou não consigo abrir a porta e dá-lhes tempos de se aproximarem.
Humpf, Ah Olá.

Me desculpem se ando na rua de braguilha aberta.
Não tenho maneiras, nem maneira de a fechar.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Não vivo de orgulho, não vivo de alegria, vivo da ausência da dor devido ao calor do acaso.
Dos que me obrigam a sorrir, dos que me fazem chorar, dos que exigem direitos de saco vazio, dos que me explicam idiotices nas luzes e na música, dos que me respondem torto, dos que não querem saber, dos que me empurram para cima e dos que me pisam de braço dado, dos que me fodem e deixam foder, dos que falam e eu não os oiço. Vivo absorvida da existência de outros, é um cansaço.

Incapacidades
Estes dias têm sido uma luta, estou cansada.
Não consigo manter a mão direita sob controlo, cai-me como se estivesse deprimida.
Não consigo nada.
A comida já não me sabe bem, o banho é rápido e doloroso, a única coisa que me tranquiliza é o sono, as longas horas no escuro, longe da frustração que é a minha dependência.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Hoje acordei e senti um odor diferente, saltei de repente como se estivesse a lembrar  o que me esquecera na noite anterior, tinha o bico do fogão aceso, largava a mesma tonalidade de azul, de força vida. Desliguei de imediato, esfreguei a sanita, o bidé e o lavatório, em choque. A casa está caótica, os rodapés absorveram tudo, tal como o resto dos móveis, o tecto declarou uma relação duradoura, devido à incapacidade de alcançar a falta do medo das alturas, as paredes demonstram a totalidade de coração aberto, uma paisagem cinzenta. A chaminé, essa vergou pela escuridão sem notar, sem saber.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Quem me dera ter um fim, seria mais certo que a incerteza do futuro.
Doente ou não, teria um lamento contínuo, uma ténue margem desesperante.
Um conforto ao fim e ao cabo.
Só isso, certeza.

Pessoas desintegradas, doentes da alma, sofredoras de realidade, tiros no escuro, perde-se a mágica magia da própria magia, quando o dia nem cor tem, o copo vazio incomoda-me, oiço as crianças lá fora a gritarem pelo tio, meu deus, odeio isto. Odeio tudo. Quero evitar a sobriedade, enfrascar-me com quaisquer frascos de qualquer coisa, tanto faz. O andar dos vizinhos aborrece-me, faz-me querer estar sozinha mas nunca o estou, há sempre a merda de um pássaro ou de um gato vadio que soa a qualquer coisa. Enfim, os dias felizes são mera triste esperança, por outro lado, há o desespero sombrio em querer ser nada por ter demasiado tudo, é insuportável isto que carrego comigo, quase sempre de peito cheio, vivo de animações desanimadas e de cor ausente. Desculpem, sempre foi bom desabafar.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Estou cansada. Tudo me repugna quando tudo fazia sentido.
Hei-de resistir a mais uma maré de lodo, um esgoto entreaberto, vejo a luz pelo meu olho direito.
Atenção, se calhar somos todos tartarugas, umas mais ninjas que outras.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Não deixei de escrever, nem escrevo menos.
Mudei de formato, viajei para uma plataforma com menos inércia, de pouco encantamento mas de rápida leitura.
Actualizo-a quase diariamente, perdi o medo de ser lida, tamanhos textos perdi por me amedrontar, dezenas de privados blogs perdi por recear mostrar, hoje a minha escrita tem cara.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Isto não é amor Voltei a sonhar, repetidas imagens não me deixam dormir, como se me perfurassem a mente. Não consigo tirar isto da cabeça, sem qualquer controlo deixo-me adormecer quando já é dia.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dizem que fumar mata.
Dizem muita coisa sobre outras coisas.
Dizem.
Acho que tudo nos faz viver, de uma forma bruta.
Digo.

Alongo o cabelo no meio da rua, acabo por sentir aranhas nas pernas.